terça-feira, junho 11, 2013

PAIXÃO PELO CHOCOLATE [HISTÓRIA PARTE 9 E 10]



          (Imagens retiradas da net)
Continuando a extensiva, mas, deliciosa história sobre o chocolate, já partilhei a parte 1, 2, 3, 4, 5 e 6, 7 e 8, agora segue para bingo, a parte 9 e 10.

O CHOCOLATE NO BANCO DOS RÉUS:

Mesmo que sublinhemos vezes sem conta os benefícios do chocolate, acabará sempre por surgir um «mas», a lembrar que o chocolate é bom por um lado, «mas» mau por outro.

Se nos socorrermos da presunção de inocência que impera nos tribunais, diremos que, até ser provado o contrário, o chocolate é inocente. Quais são, porém, as acusações que recaem sobre ele? As crenças populares acusam-no de provocarem vários males. Inclusive de ser demasiado bom!...

Entre todas as afirmações que se fazem sobre o chocolate, há muitas que não correspondem à realidade e, em contrapartida, alguns dos seus atributos, recentemente descobertos pelos cientistas, são ainda pouco conhecidos. Em Espanha, o Instituto do Cacau e do Chocolate interessou-se pelo tema e trabalhou com a Universidade de Barcelona para averiguar o que há de verdadeiro em tudo o que se diz sobre o chocolate: engorda? Aumenta o colesterol? É afrodisíaco? Felizmente as conclusões foram uma agradável surpresa.

DIZ-SE QUE O CHOCOLATE...

É importante começar por sublinhar que tudo o que aqui dissermos se refere ao chocolate puro, de boa qualidade. Infelizmente hoje, a indústria conseguiu introduzir sucedâneos do chocolate em produtos de pastelaria e padaria, com consequências negativas para a saúde. Esses produtos contêm gorduras saturadas, como óleo de palma, ou hidrgenadas, como a margarina, além de em geral lhe serem adicionados aditivos (conservantes, estabilizantes, corantes e outros). Essas gorduras tão utilizadas na indústria da pastelaria e na fast food são designadas «gorduras trans» e estão associadas a diversas perturbações cardiovasculares.

CONTRIBUI PARA O APARECIMENTO DE CÁRIES?

A cárie envolve vários factores:
*Os microorganismos responsáveis pela formação da placa bacteriana.
*Os alimentos que se consomem, seja porque favorecem o aparecimento desses microorganismos (como é o caso da sacarose) ou, pelo contrário, porque contribuem para uma maior resistência às cáries (como acontece com o flúor).
*O tempo de contacto entre o alimento cariogénico e o dente.
*A adesividade, ou seja, a capacidade de retenção do alimento no dente.
*O pH da placa bacteriana: pH ácidos contribuem mais para o desenvolvimento de cáries.
*O dente e a cavidade bucal. Ou seja, para avaliar as causas de uma cárie é necessário considerar os vários pontos referidos.

O CHOCOLATE AUMENTA OS NÍVEIS DE COLESTEROL

Segundo estudos realizados pelo departamento de nutrição da Universidade de Barcelona, o principal ácido gordo da manteiga de cacau é o ácido esteárico que não aumenta os níveis de colesterol. Também é de sublinhar a presença de fitoesteróis, que se julga contribuírem para diminuir o colesterol LDL (o colesterol prejudicial).

MITO: Provoca cáries: As conclusões dos estudos neste âmbito assinalam que o chocolate e os seus derivados, embora possam contribuir um pouco para o aparecimento de cáries, apresentam menos riscos que outros alimentos, como a banana, as passas, as batatas fritas ou o açúcar. Por outro lado, o tempo de aderência do chocolate aos dentes é menor que os caramelos, e dos gelados ou dos bolos recheados com natas. Isso significa que as bactérias dispõem de menos tempo para produzirem o ácido nocivo.
De qualquer maneira, sabe-se que uma boa higiene dentária é fundamental para manter a saúde da boca. A melhor medida preventiva é lavar os dentes após a ingestão de doces.
MITO:Leva ao aparecimento de acne. Há muitos factores relacionados com a acne: genéticos, hormonais, tensão nervosa, etc. Não se pode, pois, afirmar que o chocolate seja o responsável pelo aparecimento desse problema. É na adolescência que o acne mais se manifesta. As glândulas sebáceas são activadas a nível hormonal (através dos androgénios) e o aumento desse tipo de hormonas durante a puberdade parece ser um dos factores desencadeadores da acne. No entanto, é verdade que certas pessoas têm a sensibilidade química ao chocolate, sendo afectadas pela acne sempre que o consomem.
MITO: Cria dependência e ansiedade. É diferente falar de dependência ou de «desejo» de comer qualquer coisa em particular. Os especialistas asseguram que não existe qualquer prova de que o chocolate possua componentes que provoquem dependência. No entanto, é certo que o desejo não satisfeito de comer chocolate pode produzir ansiedade. Eis algumas teorias que tentam justificá-lo:

A relação entre o desejo de consumir chocolate e a síntese de serotonina. A vontade de comer alimentos ricos em hidratos de carbono está realicionada com estados de pessimismo ou de depressão e até com o síndrome pré-menstrual (ver  mais comentários na caixa ao lado*). A explicação parece residir num importante neurotransmissor que regula o estado de espírito: a serotonina. Poderá ser a sua carência a determinar o desejo, por vezes premente, de comer chocolate.
*A RELAÇÃO DESSE DESEJO E A SÍNTESE DE ENDORFINAS.
As endorfinas são substâncias que o cérebro liberta, produzindo uma sensação de bem-estar. A conjugação das impressões sensoriais que certos alimentos provocam poderá ter influência na síntese de endorfinas; no caso do chocolate, supõe-se que são as suas qualidades organolépticas a cumprir tais requisitos.

É provável que o desejo ou a ansiedade de consumir chocolate se deva tanto ao seu efeito psicológico (trata-se de uma experiência sensorial agradável) como ao seu efeito fisiológica (a síntese de serotonia e a libertação de endorfinas). Poderá ser a conjugação destes factores que faz surgir o desejo de repetir o seu consumo.

MITO: Contribui para o aparecimento de enxaquecas. Há duas teorias que relacionam o consumo de certos alimentos com o aparecimento de enxaquecas. Uma é a chamada «teoria vascular», segundo a qual as aminas vasoactivas do alimento em questão provocam uma reacção de vasodilatação, associadas à dor provocada pela enxaqueca. A segunda, e mais controversa, defende que a enxaqueca pode ser a manifestação de uma alergia alimentar. Mesmo que assim seja, ainda não se demonstrou cientificamente que o chocolate desencadeia enxaquecas. No entanto, crê-se que o desejo de consumir doces (e, entre eles, o chocolate) pode, nalguns casos, anunciar que há uma enxaqueca pronta a manifestar-se.

MITO: Tem efeitos afrodisíacos. Trata-se de uma crença que acompanha a história do chocolate, mas que provavelmente se deve mais ao seu poder enérgico que a qualquer outra propriedade.

MITO: Provoca boa disposição. O chocolate contém feniletilamina (FEA), que exerce efeitos estimulantes no cérebro. Sabe-se que as pessoas afectadas por estados depressivos apresentam níveis reduzidos de FEA. Os níveis de FEA do chocolate situam-se entre os 0,4 e os 6,6 mg por grama.

MITO: Ajuda nos esforços físicos e mentais. Não se pode negar a parcela de verdade contida neste mito: o chocolate é um meio a que os desportistas recorrem para recuperar de um trabalho físico intenso e os estudantes para preparar os exames. Esses méritos atribuem-se à teobromina e à feniletilamina presentes no chocolate, bem como ao seu conteúdo em fósforo e em magnésio.


NO FILME CHOCOLATE, JULIETTE BINOCHE REVOLUCIONA UMA ALDEIA PURITANA ATRAVÉS DAS VIRTUDES DO CHOCOLATE.




SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL:

Alguns especialistas sugerem que, dada a presença no chocolate de substâncias como a feniletilamina e a serotonina, o seu consumo antes e durante o período menstrual pode ajudar a atenuar as mudanças de humor e a melhorar a disposição das mulheres que sofrem de síndrome pré-menstrual. Curiosamente, há muitas mulheres que sentem um desejo muito forte de comer doces (cuja presença no chocolate é elevada) nesse período o que poderá dever-se a um «pedido» do próprio organismo para regular os níveis de feniletilamina e de magnésio (um mineral que existe em abundância no chocolate). A carência de magnésio favorece os sintomas de síndrome pré-menstrual e reduz os níveis de dopamina no sistema nervoso central. A dopamina é um agente  neurotransmissor que «conduz» a sensação de bem-estar.

Continua...